Afinal, quem foi Jorge Peixinho?

Jorge Peixinho é um dos nomes mais conhecidos e emblemáticos da nossa terra, com impacto na história contemporânea da cidade do Montijo, tendo o seu nome sido atribuído à maior escola do concelho, a várias ruas da região e ainda à recente Casa da Música, espaço de eleição cultural na atualidade. Mas afinal quem foi Jorge Peixinho?

Jorge Manuel Rosado Peixinho, uma figura de destaque na cultura musical portuguesa, nasceu na cidade do Montijo a 20 de janeiro de 1940 e deixou-nos a 30 de junho de 1995, na capital, Lisboa. A sua vida e carreira são um testemunho marcante da sua contribuição para a música contemporânea em Portugal e criou inspirações por toda a Europa.

Desde a sua infância, Jorge Peixinho demonstrou um talento excecional na área da música. Aos sete anos, começou a sua jornada musical ao aprender piano com a orientação atenciosa de uma tia. E logo a seguir, o seu interesse pela composição surgiu notavelmente cedo, com apenas oito anos, uma paixão que o impulsionaria para um futuro brilhante. Em 1948, Jorge Peixinho ingressou no Conservatório Nacional de Lisboa, onde aprofundou os seus estudos em piano e composição. Foi nesse ambiente académico que teve a oportunidade de estudar com dois professores notáveis, Artur Santos e Jorge Croner de Vasconcellos, cuja influência deixaria uma marca indelével no seu desenvolvimento como músico e compositor.

O seu comprometimento com a música e o talento inato fizeram-no destacar-se, levando-o a receber uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian em 1958. Com essa bolsa, embarcou numa jornada de aprimoramento em composição musical na Itália, especificamente em Roma. Foi então em Roma que estudou com dois notáveis compositores internacionais, Boris Porena e Goffredo Petrassi, na prestigiosa Accademia di Santa Cecilia. A sua dedicação e talento logo foram reconhecidos com a atribuição do prestigioso Prémio Sasseti de Composição em 1959. Ainda, em 1961, Jorge Peixinho completou com sucesso um diploma de estudos avançados em composição, consolidando a sua especialidade e conhecimento na área da música contemporânea.

Uma faceta notável da carreira de Jorge Peixinho foi a sua contribuição para a música no contexto do teatro. Ele colaborou com o proeminente cineasta Raul Brandão, proporcionando trilhas sonoras memoráveis, com destaque para a música que compôs para “O Gebo e a Sombra”.

A sua dedicação à promoção da música contemporânea não se limitou apenas à composição. Em 1970, fundou o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, uma colaboração frutuosa com Clotilde Rosa, António Oliveira e Silva, Carlos Franco e António Reis Gomes. Sob a sua direção, o grupo embarcou em explorações inovadoras na improvisação e composição coletiva, desempenhando um papel fundamental na promoção da música contemporânea em Portugal. Este Grupo, ao dia de hoje, ainda organiza eventos e concertos em toda a Grande Lisboa, nomeadamente no Montijo.

Jorge Peixinho também é reconhecido e agraciado por ter ativamente participado na resistência clandestina anti-fascista durante os anos de ditadura e pelo modo como entendia a arte e a cultura como uma necessidade

O seu legado foi ainda mais enriquecido por vários prémios e honrarias nos anos seguintes: em 1972, Jorge Peixinho recebeu o Prémio da Casa da Imprensa, entre 1972 e 1973, obteve uma bolsa do governo belga para estudos avançados em música eletrónica. Além disso, foi agraciado com o Prémio de Composição da Fundação Calouste Gulbenkian em 1974. Em 1976, foi novamente honrado com o Prémio de Composição da Sociedade Portuguesa de Autores. A sua influência na música contemporânea transcendeu fronteiras quando, em 1977, tornou-se membro do Conselho Presidencial da Sociedade Internacional para a Música Contemporânea (ISCM), sem dúvida o seu cargo mais destacado no que toca à promoção cultural.

Jorge Peixinho também teve um papel vital na divulgação das obras de outros compositores notáveis e colegas, como Constança Capdeville, Emanuel Nunes e Clotilde Rosa.

Infelizmente, a 30 de junho de 1995, Jorge Peixinho faleceu, com apenas 55 anos, deixando para trás um legado e inspirador na música contemporânea em Portugal e no cenário internacional.

Em reconhecimento à sua influência e contribuição, a Escola Secundária Jorge Peixinho recebeu o seu nome em forma de homenagem no Montijo em 1998, marcando o profundo impacto de Jorge Peixinho na música e na cultura da cidade do Montijo.

O seu percurso extraordinário e as suas contribuições multifacetadas continuam a moldar a música contemporânea em Portugal, sendo uma fonte de inspiração para músicos e compositores que buscam inovação e criatividade na música. O seu nome é lembrado como um dos pilares da música contemporânea no país, e o seu legado perdura através das notas e composições que enriqueceram o mundo da música, tendo sem dúvida colocado o Montijo no mapa.

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