Maria Portuguezza: A mercearia fina com produtos gourmet e fados a acompanhar

Quem passa pela Rua Bulhão Pato, no Montijo, não fica indiferente à Maria Portuguezza. O espaço não é desconhecido dos montijenses, em tempos foi a mercearia do senhor João Maricato, atualmente tem um novo conceito e uma nova proprietária, Maria Teixeira.

A mercearia mantém o ar tradicional, os móveis e as prateleiras são os mesmos de antigamente, mas os produtos são outros. Maria trouxe para a loja produtos gourmet, nacionais e típicos de várias zonas do país, todos de primeira qualidade. Há vinhos, azeites, conservas, queijos, enchidos, torresmos, bolachas e biscoitos, mas, e como há coisas que nunca mudam, os ex-líbris continuam a ser os mesmos do tempo do senhor Maricato.

“Eram os ovos, o bacalhau e os frutos secos. Os ovos mantive o fornecedor, os frutos secos também, são de primeira qualidade, se não fossem não os vendia. O bacalhau quis ir um bocadinho mais longe e chamei a Caxamar, são só lombos, tenho pessoas que vêm de propósito de Lisboa para comprar o bacalhau e os frutos secos”, conta.

É derivada dessa qualidade que a Maria Portuguezza se apresenta como uma mercearia fina, como se dizia noutros tempos. “Chamei mercearia fina porque antigamente não havia o gourmet, fui buscar o nome antigo”, explica Maria.

De portas abertas desde julho de 2019, o espaço dispõe de duas salas reservadas nas quais é possível passar o serão a petiscar e a conversar ao som dos fados que tocam como música ambiente, um costume que Maria gostaria de passar aos seus clientes.

“Gostava de habituar as pessoas a virem à Maria Portuguezza para tapear. Não quero que seja um restaurante, nem tenho condições para isso, mas gostava que os clientes viessem cá beber um copo de vinho e comer um queijinho por exemplo, que se habituem a estar aqui nestas salinhas”.

Há seis anos Maria e o marido mudaram-se de Lisboa para o Montijo. Maria trabalhava numa imobiliária, conhecia o senhor Maricato e sempre gostou muito da sua mercearia, acabando por ficar com o espaço após o falecimento do antigo proprietário. Deixou o seu emprego para se dedicar a tempo inteiro ao novo negócio, admitindo que de início “não foi fácil, foi preciso muita persistência porque primeiro as pessoas pensam que os produtos são todos caríssimos e depois porque não somos do Montijo”.

“Fizemos muita coisa para a comunidade perceber que estamos cá de boa fé. No Natal fizemos um marco de correio para os miúdos deixarem as cartas ao Pai Natal e oferecemos quatro entradas para o Jardim Zoológico, por exemplo. Estas pequenas iniciativas vão fazendo com que as pessoas percebam que queremos contribuir para o comércio”, explica.

Até à chegada da pandemia, a realização de eventos era uma constante na mercearia. Foram assinaladas datas específicas como o São Martinho e o Carnaval, realizaram-se provas de vinhos, workshops e até passeios de barco. Maria pretende agora que a sua mercearia seja pet friendly, possibilitando aos clientes levarem os seus animais às compras. “Vou por uma taça de inox com água e um frasco com cookies à entrada, quero que os animais possam entrar, estes são pormenores diferentes a que as pessoas não estão habituadas”.

Para Maria o segredo neste tipo de negócio “é gostar, ter dedicação, ser chata às vezes, estar atenta e conhecer os clientes, dá trabalho, mas é um gosto”. A paixão e dedicação que Maria tem pela sua mercearia são evidentes, falando com entusiasmo sobre a loja. Enquanto conversamos a tarde vai passando, os fados acabam e a hora de fecho do estabelecimento aproxima-se.

Contactos:

960 267 255

[email protected]

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