Rua Almirante Cândido dos Reis: O desfecho trágico de um republicano
A rua que retrata o Montijo com toda a sua beleza característica serve de homenagem ao Almirante Cândido dos Reis, um republicano que lutara ativamente contra a monarquia.
Carlos Cândido dos Reis, mais conhecido por Almirante Cândido dos Reis, nascera a 16 de janeiro de 1852, em Lisboa. Começou cedo o seu percurso ao serviço público, tendo sido voluntário na Marinha com os seus 17 anos.
A 1 de Outubro de 1870, foi promovido a Guarda-Marinha e assim foi traçando o seu percurso como alguém que procurou sempre a mudança.
Chegou a ser agraciado com o grau de oficial da Ordem de Avis e a de Cavaleiro da Torre e Espada. No entanto, desde cedo, que as suas convicções e ideias o fizeram participar ativamente na luta antimonárquica. Era um republicano convicto, tendo-se destacado na Carbonária e, mais tarde, na Maçonaria, sob o nome de “Pêro de Alenquer”.
Lutou pela conquista de uma Nação Republicana, tenho organizado o golpe fracassado de 28 de janeiro de 1908 e a revolta de 5 de outubro de 1910, que se viria a constituir como a chave da República Portuguesa.
O seu desfecho foi trágico. Aquele que deveria ter sido o chefe da Revolução Republicana, ao considerar que tinha falhado, suicidou-se com um tiro de pistola, deixando para trás um desconhecimento face aos seus atos heroicos.
O vice-almirante ficara responsável por comandar a marinha de guerra na revolução que culminou a 5 de outubro de 1910, mas os planos de esperança para Carlos Cândido dos Reis ficaram por terra quando tudo começou a correr mal. Por volta da 1 da manhã, o vice-almirante aguardava a autorização para o transporte de navios de guerra sob o Tejo, mas, à hora marcada, ninguém aparecera.
Acabou por se refugiar num barco que não se encontrava pronto para receber embarcações e, mais tarde, constatar que nada estaria a acontecer na capital. O medo, o receio de ficar comprometido e a sensação de ter falhado para com o seu povo viriam a invadir o vice-almirante que, com apenas 58 anos, aparecera morto na manhã seguinte, na travessa das Freiras.
No entanto, a organização militar que o vice-almirante considerara que tinha fracassado aconteceu e mais de uma centena de soldados e sargentos levaram ao fim a sua revolta até verem a monarquia constitucional cessar.
Então porque motivo se suicidou o vice-almirante Reis? A maioria dos chefes republicanos que lutavam ao lado do almirante, ao saberem que a revolução era do conhecimento do chefe do governo e que as tropas leias à causa monárquica estariam preparadas para os receber, propuseram adiar o golpe militar. No entanto, sendo o vice-almirante um dos principais chefes da revolução, a manifestação ocorrera sem o seu adiamento.
Foi nos primeiros momentos da revolta que Miguel Bombarda, um dos chefes do golpe morre atingido a tiro por um doente mental. O medo fez com que muitas unidades militares não se revoltassem e o vice-almirante, julgando tudo perdido suicidou-se sem esperar que o golpe triunfasse poucas horas depois, ao ser proclamada a República do alto da varanda da Câmara Municipal de Lisboa.
O vice-almirante Cândido dos Reis foi entendido por muitos como o “chefe militar” da revolução e viu também o seu nome a ser proclamado como o dirigente da mesma. O jornal republicano “A Luta” imprimira panfletos que davam a conhecer a seguinte informação: “O vice-almirante Reis está à frente das tropas da marinha”.
A 16 de outubro, realizaram-se as cerimónias fúnebres na qual são também homenageados tanto o almirante Cândido dos Reis como o médico Miguel Bombarda. Hoje em dia, o seu nome é utilizado tanto em ruas como avenidas, procurando manter viva a lembrança do republicano.