“O Primeiro Dia Da Minha Vida”, protagonizado pelos mais pequenos, faz a apologia do abraço em época natalícia

Um grupo de jovens chega a uma ilha mágica e misteriososa, onde o seu maior desafio é “naufragarem o seu caminho até ao coração de Camila, que está longe de viver o primeiro dia da sua vida”.

O GILTeatro de Alcochete apresentou em dezembro, no dia 9, uma peça musical mística, dançante, dinâmica, feita por crianças, todavia com simbolismos que chegam aos mais velhos. O Grupo de Intervenção Local de Teatro inclui crianças do Concelho de Alcochete, e não só, desde 1997 e sensibiliza-as para questões sociais através da arte e da participação cultural e cívica.

Qual milagre de Natal: talento há em abundância no GILTeatro de Alcochete, que com apenas um mês e uma semana de ensaios conseguiu brindar o Fórum Cultural de Alcochete com uma performance estonteante de 12 crianças, alguns pré-adolescentes incluídos, desinibidas e focadas.

“Estamos muito orgulhosos deles, porque se superaram e fizeram algo que não estavam à espera de conseguir”, afirma a Presidente do GILTeatro, Mariana Sobral, orgulhosa das metas alcançadas, até porque foi a primeira vez que uma turma de iniciados do GILTeatro conseguiu realizar uma peça destas proporções; muitos deles a estrearem-se num palco.

“O Primeiro Dia da Minha Vida” propõe uma reflexão sobre as demonstrações de afeto por meio de um musical. Um grupo de jovens chega a uma ilha mágica e misteriososa, onde o seu maior desafio é “naufragarem o seu caminho até ao coração de Camila, que está longe de viver o primeiro dia da sua vida”. Num registo de metacomunicação, esta peça de “crianças para crianças”, mas que chega a muitos adultos, faz referência aos quatro elementos (Terra, Fogo, Ar e Água), a figuras semi-divinas e a seres humanos que acabam por ter o papel de humanizar a vilã, injustiçada, Camila, a quem nunca foi dado um abraço.

 

93 falas para decorar num mês

“O maior desafio que eles sentiram foi decorar o texto”: Mariana Sobral, também encenadora da peça, conta que uma das meninas desabafava que tinha 93 falas (30 páginas) para decorar, algo que conseguiu fazer de forma exímia quando faltavam apenas duas semanas para a estreia da peça. Mariana explica que no final do espetáculo saiu da régie e foi dar com os seus atores “incrédulos com o que tinham feito”.

A missão

Fundado em 1997, o GIL (Grupo de Intervenção Local) Teatro de Alcochete possui um forte cariz de intervenção social, uma tradição de incluir todas as crianças e apoiar a comunidade, sempre a tentar utilizar a arte como forma de educação e sensibilização para questões sociais. “Apenas 4 euros são pagos mensalmente para as pessoas frequentarem uma ou todas as nossas atividades”, explica Mariana Sobral.

Já não é novidade que o GILTeatro consegue transcender-se e fazer “omeletes sem ovos”, mas neste caso em particular, a desenvoltura e confiança com que os atores abraçaram a última aventura, a peça apelidada de “O Primeiro Dia Da Minha Vida”, foi uma contribuição valiosa para o desfecho da jornada. Para a Presidente do GILTeatro, o mais importante não é “perceber se as pessoas gostam” mas sim entender se o trabalho da associação não é “indiferente” ao público, uma vez que “ser artista é ter uma voz”, sublinha a Presidente da associação, responsável pelo grupo de teatro, encenadora e dramaturga.

O GILTeatro Alcochete está situado na Rua Chão do Conde, no edifício da Casa do Povo de Alcochete.

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