Quem foi Joaquim de Almeida, o ator que dá nome ao Cinema-Teatro do Montijo
Ator da transição dos séculos XIX/XX que dá o nome ao Cinema-Teatro do Montijo, Joaquim de Almeida (1838-1921) nasceu no Montijo dia 20 de Outubro, onde hoje se situa o Cinema-Teatro que o invoca, deu nome a pelo menos três salas de espetáculo e isto desde 1911. Desde sempre bastante elogiado pela sua versatilidade: “Trabalhava hoje em D. Maria, amanhã no Rato; agora no Trindade, logo no Coliseu, duma vez no Ginásio, doutra na Rua dos Condes, e assim percorrendo todos os teatros de Lisboa, Porto, províncias, ilhas e Brasil (…) e sempre brilhantemente” (“Diccionário do Theatro Português” 1908).
Estreou-se aos 19 anos, a 1 de fevereiro de 1858, na inauguração do Teatro das Variedades Dramáticas (antigo Teatro do Salitre) na mágica A Loteria do Diabo. A sua ascensão foi rápida, passando a interpretar os papéis principais do repertório popular e cujos trabalhos magníficos lhe proporcionaram um primeiro lugar no Teatro Nacional D. Maria II, ao lado de grandes artistas, onde se estreou em Pedro, com a personagem “Manuel Maria”. Passou depois com a companhia de Francisco Palha para o Teatro da Trindade, aquando da sua inauguração em 1867, tendo, ainda, representado no Teatro da Rua dos Condes.
Fez uma carreira brilhante e atuou nos principais teatros de Lisboa, Porto, províncias, ilhas e Brasil num percurso que se estendeu por mais de meio século. Em 1880, era o ator mais bem pago da época, com um ordenado de 67$500 réis. Considerado um dos maiores nomes do teatro português, representou todos os géneros teatrais com igual talento. Foi agraciado com a Ordem de Santiago, pelo Presidente da República, António José de Almeida.
Artista irrequieto e insubmisso, retirou-se da vida artística, em 1910, aos 72 anos de idade. Faleceu afastado do público aos 82 anos, a 22 de julho de 1921, na sua residência, rés-do-chão do número 77 da Rua da Conceição da Glória, freguesia de São José, em Lisboa, vítima de lesão cardíaca, sendo sepultado no Cemitério dos Prazeres. Era solteiro e não deixou descendência.
A 6 de maio de 1925, foi inaugurado em Lisboa, o Teatro Joaquim de Almeida, em sua homenagem, que após algum sucesso, acabou por ser demolido em 1930. Um recinto de madeira já denominado Teatro Joaquim de Almeida, no Montijo, deu origem a 20 de outubro de 1957, ao Cinema-Teatro Joaquim de Almeida, projeto original do arquiteto Sérgio Gomes.
Atualmente, o seu nome faz parte da toponímia de Lisboa, de Charneca da Caparica e, naturalmente, do Montijo (Rua Joaquim de Almeida).
No livro de Carlos Leal, intitulado No palco e na rua, encontra-se a seguinte descrição do talento do ator:
“Joaquim d’Almeida, que foi um génio, identificando-se com todas as modalidades da sublime Arte de representar – e muito prejudicado foi por não ter preferido só caminho onde a sua feição artística era grandiosa de verdade e de sentimento – o drama e a tragédia – virava em omelete, realizando a arte cómica do À procura do badalo, das belas criações dos Pimentas, da Carteira de D. Pepito, Duas bengalas e todo o repertório que consagra um grande actor com o adjectivo de “genérico”, depois de ter sido extraordinariamente grande no Luís XI, no Papá Lebonnard, na Aleluia! Sem embargo, o Joaquim d’Almeida foi um actor popular (…).