“A Quinta da Glória nasceu do meu sonho e paixão por animais”

Entrevistámos Marta Paiva, a proprietária da Quinta da Glória, um alojamento onde pode deixar o seu melhor amigo, cão ou gato, enquanto vai de fim-de-semana ou de férias.

Não tem onde deixar o seu amigo de quatro patas? Pois bem, imagine-o no campo, a brincar com outros cães, andar por poças e a fazer escavações à vontade, com a língua de fora e o rabo a abanar de felicidade. Encontrámos o cenário perfeito para o seu animal se divertir, é um verdadeiro espaço de diversões para cães.

Na quinta, os animais podem correr livremente e disfrutar do ar livre do campo em Pegões. Brincadeiras não vão faltar para que os seus melhores amigos não sintam a sua ausência. Na Quinta da Glória, o único problema é fazer os patudos saírem de lá, depois da liberdade que têm no alojamento.

Marta é uma apaixonada por animais, trabalhou no Canil Municipal de Alcochete e tem o seu próprio centro de tosquias no Páteo d’Água, mas a sua paixão pelos animais é tão grande, que ser groomer não chegava, sentia que tinha que estar ainda mais próxima dos animais, de mais alguma forma. Foi assim que nasceu a Quinta da Glória. 

A Glória foi uma cadela pela qual Marta lutou, cuidou e amou. Depois do seu falecimento, era imperativo para a empresária dar o nome da Glória à quinta, como forma de homenagem.

A Quinta da Glória aloja ainda animais abandonados, por isso se encontrou um animal, mas não tem condições para o receber em sua casa, é o sítio perfeito para o deixar a viver feliz. Marta recebe-os, podendo ficar como padrinho ou madrinha do animal, ajudando-o a estar num ambiente familiar e cheio de felicidade, em vez de um canil. Mas há mais para saber, aqueça um chá bem quente e acompanhe-nos nesta entrevista.

Resolvi fazer na minha quinta um alojamento e, de início, alojei uma cadela de uma Associação pela qual lutei, cuidei e amei. Era a Glória!

Conte-nos um pouco do seu percurso antes do Hotel.

Sempre gostei muito de animais e queria que o meu trabalho e dia a dia se juntassem num só. Então há cerca de 12 anos atrás, tirei o curso de cabeleireira e estética canina, durante o curso estava a trabalhar no Canil Municipal de Alcochete, que foi bastante útil pois aprendi muito sobre o comportamento e a entender as atitudes dos diferentes animais e a partir daí trabalhei sempre na área. Comecei ao domicílio, depois em clinicas veterinárias como prestação de serviços (onde ainda trabalho) e depois abri um espaço próprio que neste momento se situa na Praceta do Páteo d’água no Montijo.   

Como surgiu a ideia de abrir um alojamento para animais?

A Quinta da Glória nasceu do meu sonho e paixão por animais. Além de ser groomer, isso só não me completava, queria mais… Resolvi fazer na minha quinta um alojamento e, de inicio, alojei uma cadela de uma Associação pela qual lutei, cuidei e amei. Era a Glória! Grande, doce e meiga, embora debilitada da doença e dos anos de possíveis maus tratos. Após o falecimento dela, prometi a mim mesma que a Quinta se chamaria Glória em sua homenagem. E assim nasceu este projeto, não só para animais com dono como para todos os outros que precisarem dos nossos cuidados.

Os “quartos” dos nossos hóspedes têm cerca de 18m2, com zona interior e exterior

Quais são as atividades reservadas para os animais?

Não temos atividades específicas, partilhamos da opinião de que as atividades principais para eles são a liberdade que sentem pois estão soltos durante todo o dia, o convívio e sociabilização entre eles.

Como é que são os “quartos” dos hóspedes?

Os “quartos” dos nossos hóspedes têm cerca de 18m2, com zona interior e exterior.  Na zona interior é onde estão as camas, a alimentação e lâmpadas de aquecimento. Na parte exterior os bebedouros automáticos, onde podem usufruir de água sempre fresca.  Só são utilizados durante a noite. Depois temos também outros com as mesmas características de interior mas inseridos em parques de 325m2.

Quais são as diversões que dispõe para que os cães e gatos não sintam saudades dos donos?

Os cães, com tanto espaço para usufruir e descobrir e com tanta brincadeira entre eles, acabam por não sentir a ausência dos donos e, na chegada da noite, que seria onde pudessem sentir mais saudades, estão completamento estoirados. Em relação aos gatos geralmente estão connosco em casa e usufruem das mesmas rotinas que têm nas suas próprias casas, acabando, também, por não sentir a ausência dos donos.

“Se pretende ajudar um animal (…) nós temos a solução e os valores diferem quanto a situação

Quais são as atividades que os bichinhos mais gostam?

Eles escolhem as próprias atividades, logo fazem sempre o que mais gostam, que para nós é o convívio entre eles.

Quais são as condições exigidas para a admissão de um sócio?

Não temos sócios, temos sim padrinhos e madrinhas que permitem a muitos dos nossos residentes não estarem em canis, ou até mesmo na rua e, poderem usufruir do nosso espaço que para eles é a casa que nunca tiveram.

Qual é o preço médio?

O nosso espaço permite-nos ter varias opções de alojamento. Se pretende ir de férias e não tem onde deixar o seu amigo de 4 patas, se pretende ajudar um animal necessitado mas não o pode levar para casa, se quer ajudar um velhote a ter um final de vida feliz mas não o pode adotar, se encontrou uma mamã com os seus bebé e a quer proteger e não sabe como, nós temos a solução e os valores diferem quanto a situação.

Todos os dias há histórias para contar, vão entrando e saindo e cada um deles deixa uma história

Deixam-vos muitas vezes à porta animais? 

Não, até agora apenas uma. Sem hesitar recolhemos.

Quais são as histórias mais giras e felizes dos patudos na Quinta da Glória?

Não há como enumerar. Todos os dias há histórias para contar, vão entrando e saindo e cada um deles deixa uma história. É muito gratificante quando os donos veem buscá-los e eles ficam na duvida se correm para os donos ou para nós, e quando são hóspedes habituais que chegam e correm para o parque para poderem ir brincar.

Numa frase como descrevem o vosso espaço?

Espaço amplo e verde, onde todos os animais podem desfrutar de liberdade, aqui são felizes.

Na vossa página do Facebook, conhecemos um pouco da Kiara. Qual é a história desta linda cadela?

A Kiara é uma história como tantas outras, mas que felizmente teve um final feliz. Foi abandonada a poucos metros da quinta, claro que com o intuito de eu a encontrar, pois perante a situação nunca ficaria indiferente. Foi abandonada, por pura estupidez e falta de conhecimento, pois trazia um avançado problema de pele (ao qual se fez colheita de fungos e medicação pois ela até febre tinha de tamanha inflamação) e carregadinha de pulgas, que depois de observada pela Veterinária ficou estabilizado ao fim de 15 dias, mas como qualquer problema de pele ainda está a fazer medicação. Foi no dia 24 de dezembro, Véspera de Natal, em que um vizinho me ligou por volta da 5h00 da manha a dizer que estava a poucos metros do portão um cão e que estava ferido. Já não sosseguei, passado uma hora levantei-me e fui ver o que se passava. Vi-a então a correr para tudo o que era carros, tal não era o seu desespero, pois tinha um buraco feito no sítio onde foi abandonada e de lá não saiu na esperança de a irem buscar. Parei e abri a porta do carro, ela veio logo ter comigo. Colocou as patas na parte do banco e olhou para mim… Eu disse: “sim vens comigo” e, daí nasceu uma história de confiança e amizade. Revoltei-me com a situação e fiz algumas publicações para tentar perceber a sua história e resultou. Soube as suas origens e a sua triste história com apenas 1 ano e meio o que já tinha passado. Depois de estabilizada, e no meio de uma grande triagem de possíveis adotantes, sim porque é uma Bull Terrier, veio uma família conhece-la para ver qual a sua reação, e sim fiz a escolha certa pois ela também os escolheu a eles e adorou a sua irmã de 4 patas, uma Pinscher anã. No fundo, agradeço a quem aqui a deixou pois finalmente tem a dignidade, o respeito e o amor que merece.

Contactos

Foros do Trapo, 2985-131 Pegões

917 900 726

martapaiva_jpgs3@hotmail.com

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