Cansado da pandemia? Saiba como ajudar-se a si e aos que o rodeiam

Conversámos com a Dr.ª Teresa Henriques sobre os riscos do novo confinamento para a saúde mental e como lidar com este desafio. A psicóloga esclarece-o sobre como identificar sentimentos, comportamentos e emoções que demonstrem que algo está mal consigo ou com os seus ente-queridos.
O novo confinamento “já era expectável para todos nós. No entanto, restava uma esperança que não voltasse a acontecer, a verdade é que estamos de novo com um grande desafio para enfrentar e ultrapassar”.
Teresa refere que este segundo confinamento não será muito diferente do de março de 2020, no entanto “já estamos mais cansados psicologicamente porque já faz quase um ano que estamos privados de ter as nossas rotinas normais e de implementarmos e concretizarmos sonhos.”
O medo de ser infetado é cada vez maior, e a este sentimento, acrescenta-se o medo de um ente-querido ou amigo ser infetado e poder perder a batalha contra o vírus.
“Estamos perante vários fatores de stress, seja a diminuição de trabalho e de rendimentos, a conjugação do teletrabalho com a vida familiar, gerir a distância física dos familiares e amigos, estar privado das rotinas normais, a necessidade de cuidar de familiares doentes entre outras, acabamos por ficar mais cansados psicologicamente”, explica a Dr.ª Teresa.
Existem estudos que mostram que 7 em cada 10 portugueses acusaram algum sofrimento psicológico durante a quarentena.
Desta forma, torna-se imperativo estarmos atentos às nossas emoções, sentimentos e pensamentos para podermos agir, caso haja alguma coisa que não esteja bem.
“É perfeitamente normal sentir sentimentos tais como medo, angústia, tristeza, incerteza, stress, frustração, cansaço e desgaste psicológico. É normal as pessoas sentirem-se desgastadas, é normal sentirem vontade de chorar, é normal sentirem-se angustiados, até mais irritados, impotentes perante a situação, e por estas e outras razões nos chegam tantos pedidos de ajuda”.
A Dr.ª Teresa Henriques selecionou algumas formas de auto-ajuda para o cansaço psicológico que enfrentamos. Para aligeirar a situação deve:
Acreditar nas suas capacidades para lidar com este novo desafio.
Lembre-se da forma e das estratégias ‘’Coping’’ que utilizou noutras situações difíceis da vossa vida. Perceba que todos nós temos uma força interior que muitas das vezes desconhecemos. Todos nós já enfrentamos situações adversas e complicadas, confrontados com obstáculos que jamais pensaríamos ultrapassar.
No entanto, a nossa resiliência, “a capacidade do indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas”. Esta capacidade ajuda-nos a ultrapassar situações constrangedoras como esta que estamos a viver. Ser positivos ajuda-nos bastante na forma como enfrentamos a vida e os desafios.
- Reforce as suas relações
Nunca se esqueça da diferença entre distanciamento social versus proximidade emocional. Isto é, podemos expressar os nossos afetos mesmo à distância. Esta é a altura certa para reinventar formas de nos relacionarmos, mantendo sempre os laços afetivos com as pessoas que gostamos. Não é uma pandemia que nos afasta dos outros, mas sim a forma como vivemos a pandemia.
Deverá ainda manter uma rotina e tentar diversificas as atividades, manter uma alimentação saudável, praticar exercício físico, ter bons hábitos de sono, exercer práticas de relaxamento, dosear informações sobre a pandemia, trabalhar a gratidão e desenvolver Resiliência.
- Esteja atento aos seus sentimentos e emoções
Faça um registo diário, escrevendo como se sente, ajuda a perceber como estamos e como nos sentimos.
Fale com alguém, peça ajuda, desta forma está a regular as suas emoções e ajuda-o a encontrar soluções, como também tem um efeito calmante. Quem é que ainda não teve um problema, e depois de falar com alguém, se sentiu mais calmo.
- Faça atividades prazerosas para si
Faça uma caminhada junto à sua residência. São momentos que está a aproveitar para cuidar de si.
- Peça ajuda
Fale com familiares ou pessoas da sua confiança sobre o que sente, porque falar ajuda muito.
- Estabeleça objetivos para o seu dia
- Evite as horas mortas
Tente preencher o dia-a-dia com atividades e hobbies que não tinha tempo para fazer, por exemplo, fazer uma caminhada, ler, falar com um amigo, entre outras.
- Faça uma lista de desejos e atividades
Atividades e desejos que poderá colocar em prática nesta altura de confinamento.
- Mantenha o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional
Deverá ainda manter uma rotina e tentar diversificas as atividades, manter uma alimentação saudável, praticar exercício físico, ter bons hábitos de sono, exercer práticas de relaxamento, dosear informações sobre a pandemia, trabalhar a gratidão e desenvolver Resiliência.
Para além de devermos ter em atenção os nossos comportamentos, sentimentos e emoções, devemos também estar atentos aos que nos rodeia. A Dr.ª Teresa ajuda-nos a esclarecer mais sobre formas para ajudar alguém que esteja a sofrer com a pandemia.
– Ajude a pessoa a partilhar o que sente
Aconselhe a pessoa a reforçar os comportamentos pró-sociais, ou seja, perceber que estar confinado está a contribuir ativamente para conter a propagação do vírus.
– Mantenha o contacto com familiares e amigos que possam estar em situações de vulnerabilidade.
Se gosta de ajudar causas sociais, porque não fazer voluntariado em instituições da sua área de residência, para se sentir útil, mas sempre em segurança.
Reduza a consulta de informação sobre a pandemia e reduza o tempo ao telemóvel e outros ecrãs.
Procurar ajuda junto de um Psicólogo pode ser valioso, porque estes profissionais procuram compreender e melhorar a forma como se sente consigo próprio, de forma a melhorar o seu bem-estar e a saúde psicológica. Os seus pensamentos, sentimentos e comportamentos podem ser um indicativo de que as coisas não estão bem.
A Dr.ª Teresa explica que um psicólogo pode ajudar nas dificuldades psicológicas que esteja a passar devido à covid-19 nos seguintes aspetos:
“Ao lidar com o diagnóstico da doença, na definição de estratégias para lidar com o isolamento, na redefinição de rotinas o objetivo durante este tempo, na gestão da ansiedade, ao lidar com experiências ou sentimentos difíceis, na gestão das relações familiares e no lidar com a sobrecarga emocional, ao ser o cuidador de um portador da doença”.
A psicóloga alerta “Se os seus sentimentos de ansiedade e inquietação forem excessivos e persistentes, se já não consegue ter prazer em atividades de lazer, se está profundamente triste, se tem vontade de consumir álcool em excesso, tabaco, se está extremamente irritado ou agressivo, se se sentir completamente sobrecarregado ou incapaz de funcionar e fazer a sua rotina diária, se sentir que está a ficar sem controlo PEÇA AJUDA”.
Contactos
Dr.ª Teresa Henriques
Praça dos Descobrimentos Nº 73 2870-091 Montijo
212 319 861
Linha de Apoio Psicológico da Câmara Municipal do Montijo
917 865 964
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808 24 24 24 – Selecione a opção 4 (Aconselhamento psicológico gratuito)