Sarilhos Grandes tem um “cantinho” que produz música para o mundo
Rosinha, Clemente e Fernando Maurício são apenas três dos artistas representados pelo País Real, "a segunda maior editora de Portugal".
No País Real produzem-se sonhos, produz-se magia, produz-se música. Situada em Sarilhos Grandes, a empresa discográfica carrega uma grande missão: “fazer com que a cultura não desapareça”. Quem o afirma é Páquito Rebelo, artista, fundador e uma das principais caras do estabelecimento.
A música sempre fez parte da vida deste produtor, que viu o seu principal apoio junto da família. “Desde pequeno que gostava de música e a minha mãe sempre me foi dando asas ao sonho, colocando-me a aprender diversos instrumentos”, destaca. Com 16 anos já tocava e cantava em bailes e, pouco tempo depois, começou a apostar numa carreira individual, com a produção dos seus discos.
Foi aliado a esse gosto imenso pela música que Páquito Rebelo criou o País Real. O projeto, que conta já com cerca de 12 anos, nasceu da necessidade de marcar a diferença. “Havia uma lacuna a nível de comércio e promoção da música que estava a ser feita num sistema com o qual não concordava. Então eu abri a empresa e obriguei o mercado a mudar”, reforça com confiança transmitida no seu falar.
Hoje, são a 2ª maior editora de Portugal e podem afirmar que “o mercado adaptou-se” à lógica de produção e distribuição que idealizaram. Com um catálogo de mais de um milhão de músicas, o País Real assegura e disponibiliza semanalmente formas de arte para “todo o mundo” com “todos os géneros musicais que se possa imaginar”.
“Eu sempre achei que não vendo estilos musicais, eu vendo música. A música vai desde o folclore, infantil, rock e tudo isso é música (…) No nosso catálogo temos desde Amália Rodrigues que licenciei na sexta-feira para Macau. (…) Fernando Maurício numa área de fado, os Íris e outras bandas na área do rock. Na área popular, temos a Rosinha, o Emanuel, Alberto Reis e os Sete Saias.”, conta Páquito.
São inúmeros os artistas representados pelo País Real e, cada vez que os músicos atuam em festivais, festas populares ou aparecem ao publico é a editora que se responsabiliza pela sua exposição. É um trabalho de backstage que está presente em todos os momentos, “em qualquer coisa que esteja relacionada com música”.
Sarilhos Grandes foi a casa escolhida para albergar tamanhos artistas e o motivo que o levou a optar pelo município ao invés de outra localidade deveu-se ao facto de ser “a minha [Páquito] terra e o local onde criei raízes. Sendo o local onde está o País Real, permite-me dar emprego às pessoas da terra e desenvolver a área à minha volta”.
E deixa-o bem claro ao destacar a relação com o comércio de proximidade, que tantas vezes alberga artistas agenciados para concertos e espetáculos. Orgulhosamente, exibem os seus feitos e conquistas nas paredes da empresa, onde os discos reconhecidos nacionalmente são expostos como pinturas em paredes.
O dia a dia da produtora não é mais do que um ciclo vicioso: produzir, ouvir e divulgar, 24 horas por dia. “De manhã até à noite há sempre música. No estúdio, estamos sempre a trabalhar”. Páquito é “a pessoa que mais ouve música no estabelecimento” e até poderia afirmar que é pelo seu gosto na área musical, mas não esconde a árdua tarefa de ter “de ouvir tudo o que se produz aqui dentro”. A pilha de CD’s amontoados na sua secretária são prova deste desafio, tal como são as estantes repletas de coletâneas musicais.
Uma das chaves principais no sucesso da empresa está no planeamento e na gestão interna. O fundador do País Real sublinha o quão importante é trabalhar numa lógica de “dois a três anos de avanço” e na agenda de produção já vigoram músicas a sair no Verão de 2022. No entanto, Páquito revela que adivinhar as tendências musicais futuras não deixa de ser desafiante.
“Há muita coisa nova que vai sair para o Natal. Os Ciganos de Ouro vão lançar um novo disco que vai ser vendido no mundo inteiro. Isso faz-nos trabalhar muito para que se concretize. Mas é sempre um desafio e interessante trabalhar com muito tempo de antecedência, tentando adivinhar o gosto das pessoas para daqui a 1 ano. Exige que, para além de pesquisa, se conheça pessoas de outras vertentes. Tentar perceber como vai o gosto das pessoas é aliciante.”
Com novos projetos em vista, o fundador da editora deixa escapar uma confissão: “Eu quero ser a maior empresa de música em Portugal”. E é em Sarilhos Grandes que uma grande equipa trabalha para que isso aconteça.