Casa do Choco: o restaurante de choco frito que tem mesmo de provar

Estivemos à conversa com Marina Sobral, a proprietária da Casa do Choco, o melhor restaurante de choco frito do Montijo. Se ainda não provou vai sempre a tempo de provar, até porque a proprietária garante que a famosa casa veio para ficar. No restaurante, por Take Away ou através das plataformas de entrega de comida, a Casa do Choco está em todo o lado e promete chegar cada vez mais longe.

Quem não gosta de um bom choco frito, tão característico de Setúbal? Douradinho e quentinho sabe sempre bem. Está à espera que desvendemos o segredo do choco frito? Fique por aí porque a proprietária desvenda um pouco do segredo do prato típico setubalense.

Desafiámos Marina a contar-nos um pouco sobre o início deste projeto familiar“Não deixa de ter a sua história, realmente tudo começou com uma história. Eu era cabeleireira. Fui cabeleireira durante 35 anos. Estava longe de vir a ser cozinheira ou de me integrar numa cozinha, apesar de saber cozinhar bem e de sempre ter tido jeito para a cozinha, estava muito longe disto. Eu tinha um café, na altura, era uma coisa que gostava mais do que restauração, mas o meu marido não se identificava muito com a questão do café. Eu realmente tinha uma profissão e ele nunca se tinha realizado profissionalmente e foi ele que fez mais força para abraçarmos este projeto. Eu achei que era importante para ele realizar-se profissionalmente. Então abracei este projeto com ele, do qual hoje estamos muito orgulhosos. Se não fosse ele não tinha gerado esta dimensão. Apesar de eu ser uma pessoa muito dinâmica, empreendedora, de estar sempre a acreditar no amanhã e de ser otimista por natureza, ele é a parte que não tenho. Os pés mais no chão, o pensar mais no amanhã. Acho que nos completamos, porque as duas pessoas fizeram que isto se tornasse numa realidade.

Como nos contou a proprietária, a sua história não passava pela restauração. No entanto o seu marido ambicionava ter um restaurante “Havia um restaurante ao nosso lado, e o que é que eu pensei? Bom, vou ficar com o restaurante aqui ao lado, fecho o café e fazemos as duas coisas numa só, café e restaurante. O que é que aconteceu? Não funcionou. Eu quando fui para esse restaurante também comecei com choco frito. O porquê do choco? O meu genro é de Setúbal e na altura não achava muita piada ao genro lá de Setúbal, pensei “Vem para aqui este fulano do choco frito para me roubar a filha”, e foi assim que começou. O meu genro falava muito das casas do choco lá de Setúbal e apostámos nisso”.

Casa do Choco

A Casa do Choco tem uma dimensão muito grande, vendendo para os montijenses e não só “Nós vendemos baldes de choco, cortamos 500kg de choco por semana, às vezes mais. Antigamente havia, no lugar da Casa do Choco, um frango à guia e nós achámos que o frango podia continuar, mas tínhamos que ter uma coisa que criasse um impacto para chamar mais clientes, daí o choco, e tudo começou por aí. Achámos que era uma boa aposta porque não havia no Montijo e estávamos perto de Setúbal. Digo-lhe uma coisa, eu sou uma mulher cheia de sorte e o choco e eu funcionamos na perfeição…”

E agora desvendamos o segredo, qual é afinal o segredo do choco? Prontamente, Marina responde-nos que o choco não tem segredo, não é cozer antes, meter em leite, nada disso. Ou melhor, o segredo não passa pela culinária em sim, porque“o segredo é a paixão”com que Marina, a família e os funcionários trabalham diariamente. A ex-cabeleireira conta-nos que, muitas vezes, cantam e dançam enquanto lavam a louça, até porque “já que temos que trabalhar, porque não trabalhar bem-dispostos?”.

Além da paixão que colocam em cada prato servido, desde a confeção até ao empratamento, “a qualidade impera, claro. Mas isso também é uma das minhas teorias na restauração. O comprar barato nem sempre funciona. E há choco de várias qualidades. Não é por 0,50€ que eu vou deixar de comprar o choco ao fornecedor. Há esse segredo que eu não vou desvendar, de onde é que o choco é, porque há choco de várias águas e a qualidade tem a ver com as águas de onde vem o choco. Tive sempre em mente não descurar a qualidade, para construir algo com futuro. Quem vende tem que vender bom porque quem compra também gosta de comprar bom. O nosso choco tem qualidade, nunca vendi uma tira de pota dentro deste restaurante”.

Marina revela que a atenção ao pormenor também é algo muito importante. Por isso estão sempre atentos, “os olhos é a primeira coisa que come”. Garante que a qualidade está sempre lá, no entanto a forma como se faz o empratamento faz toda a diferença. Para Marina tudo tem que estar perfeito, porque a Casa do Choco também passa por aí, pela preocupação com o cliente, para que fique satisfeito, e a verdade é que tem resultado muito bem. A Casa do Choco vende muito, o que deixa a proprietária “muito orgulhosa da minha casa e do meu staff”.

Frango à Guia

“E só vendem choco?”, questiona-se. Não. Para além do choco frito, a Casa do Choco, Marina recomenda que prove o Frango à Guia, porque há coisas que não se explicam, garante-nos,“não tem explicação, da forma como é assado é muito bom”.

Mas contamos mais sobre o Frango à Guia, o segundo prato mais pedido do restaurante. Aliás, deixamos que Marina conte, porque não há ninguém melhor para nos contar como é feito e, desvendar um pequeno segredo.

“Chama-se Frango à Guia, porque tem a ver com o tamanho, não pode exceder aquele peso, e com o molho especial. O molho foi uma herança que ficou da antiga casa, um funcionário deixou-nos a receita do molho. Não é inventado, é mesmo o verdadeiro, com o segredo. Faz toda a diferença do molho que se coloca neste frango do outro normal. O frango é igual em todo o lado, o que faz a diferença é mesmo o molho. Depois temos uma churrasqueira, que é dentro do restaurante e tem um motor que suga o fumo e é muito potente, o que faz com que o frango asse em menos tempo do que o normal, e desta forma não deixa o frango secar, ficando suculento. Eu estou a desvendar o segredo, porque além do molho é a forma como o frango é assado. Depois o meu filho realmente é das pessoas que melhor assa frangos no restaurante, ele fá-lo melhor que ninguém, porque tem cuidado. Nem pai, nem mãe, nem a irmã assa o frango melhor que o João. Ele faz naturalmente, com sabedoria.

Marina garante“temos sempre frango fresco, não existe frango congelado, a batata também é descascada por nós, não temos batata pré-frita. Nós chegamos a ter três pessoas a descascar batatas todas as manhãs”.

A proprietária, cresceu no Montijo, mais precisamente no Afonsoeiro, era por detrás do restaurante que brincava “Os meus pais vendiam leite na rua e quando nasci deixaram de vender leite porta a porta e abriram uma leitaria, depois um supermercado”.Já com uma veia de empresária, a proposta de abrir naquele sítio surgiu porque o ex-proprietário fez a oferta. Ser no Montijo foi apenas uma coincidência, até porque já tem vários “clientes de vários sítios a pedir para abrir outras Casa do Choco. Só para ter noção, já me pediram para abrir em Aveiro”.

Super Picanha Grelhada Especial à Casa

Marina conta-nos que é frequente viajar, e sempre que viaja veste a camisola da Casa do Choco dentro do avião e não houve uma vez que não houvesse alguém a reconhecer o nome do restaurante, o que a deixa bastante orgulhosa.

No entanto, nem tudo são facilidades, “Ter um restaurante não é fácil, tem mesmo que se gostar. Eu tive sorte, tenho um genro que aprendi a admirar, não gostava dele, mas é o meu braço direito e o meu braço esquerdo, ajuda-me imenso, lembra-me dos pequenos pormenores”, revela.

A matriarca da família revela que o sucesso passa pela força, a coragem e a dedicação, até porque a Casa do Choco tem os ingredientes secretos mais importantes: o amor e a família.

O restaurante fez face à pandemia que vivemos, até porque em tempos de crise, existem sempre oportunidades, e no caso desta casa, eles criaram as oportunidades antes de existir o problema “considero-me uma pessoa cheia de sorte, estou muito agradecida por tudo o que tenho, e não tenho nada. Eu não tive que fazer estratégia nenhuma porque a qualidade da nossa casa fez com que, em tempos de pandemia, não tivéssemos aquela dificuldade que os meus colegas tiveram, porque já trabalhávamos a dobrar em Take Away e já tínhamos aderido à Uber Eats. Temos outro restaurante online, porque o meu genro é muito perspicaz e trabalha muito na internet. Não ganhei dinheiro, porque não se vende queijo, uma garrafa de vinho, mas conseguimos manter as contas em dia e pagar os salários. Trabalhei imenso, a triplicar, houve dias que tive vontade de chorar por trabalhar tanto. Eramos poucos porque não quis muita gente a trabalhar devido ao perigo de contaminação e da segurança dos clientes também. O restaurante mais bem cotado na plataforma Uber Eats do Montijo foi a Casa do Choco. No Domingo de Páscoa tínhamos uma fila de 70 pessoas à espera, isto não se consegue de uns dias para os outros, já eram clientes nossos”.

Especialidade da casa: Choco Frito à Moda da Casa

Quanto ao futuro, Marina ambiciona abrir outra Casa do Choco, desta vez em Lisboa, no entanto vai esperar que a sua maior “herança”,que são os netos, cresçam porque exige muita logística abrir um novo espaço.

Mais que um restaurante, a Casa do Choco é uma herança que a proprietária quer deixar, mais do que um valor monetário, é também um local onde aprendem todos os dias, com as coisas más e boas.

O restaurante está a aceitar encomendas para o Natal até dia 22 de dezembro. Pode escolher entre: bacalhau com batatinha com crosta de broa, Bacalhau com Natas, Bacalhau Tico com Camarão e Polvo à Lagareiro.

Visite a Casa do Choco, no Montijo, e delicie-se com os menus que oferecem desde 8,50€.

Contactos

Rua Vasco da Gama Nº15 2870-823 Montijo

967 309 577

[email protected]

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