Nuno Canta: “Temos de continuar a desenvolver a Frente Ribeirinha, é uma questão fundamental”

Na última parte desta entrevista Nuno Canta explica o que pode ser melhorado no Montijo e o que ainda pretende realizar enquanto Presidente da Câmara Municipal, abordando também a candidatura das Festas em Honra de Nossa Senhora da Atalaia a Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Há pouco falávamos das Festas em Honra de Nossa Senhora da Atalaia. Em que fase está a candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade?

A candidatura à UNESCO teve uma decisão em 2013, na última reunião do mandato em que participei como vereador, depois ficou já no nosso mandato continuar a desenvolvê-la. Isso pressupôs que tivéssemos de contratar uma pessoa que já cá estava para continuar com a candidatura, na altura estávamos em maioria relativa e as oposições bloquearam esse processo. Entendemos, embora isso seja sempre sujeito a muita discussão pública, que não havia entendimento da oposição para andar com a candidatura apesar de terem votado a proposta favoravelmente.

Durante este mandato em maioria absoluta já falamos de forma diferente. Não vamos voltar a contratar aquele nosso quadro que na altura foi rejeitado pelas oposições, mas estamos neste momento a finalizar a contratação de uma universidade que nos vai apoiar nesse processo. Falámos inclusivamente com a senhora Secretária de Estado do Património, do Ministério da Cultura, onde todo este processo tem sido tratado de forma a avançarmos com a candidatura.

Neste momento a Festa da Atalaia já é Património Imaterial Municipal. A proposta de 2013 tinha mais duas fases, a segunda era a candidatura a Património Imaterial Nacional e depois então na terceira fase a Património Imaterial da Humanidade, neste caso da UNESCO. Essa última fase um bocadinho mais ambiciosa, mas nós queremos lá chegar.

Vamos agora tratar da candidatura a Património Imaterial Nacional. Esse é um processo que está neste momento com os serviços culturais da Câmara e estamos a tratar de estabelecer o protocolo com esse instituto. Esperamos que aqui todos estejam connosco.

O que pode ser melhorado no Montijo?

Perdemos um bocadinho do setor secundário, nomeadamente na indústria, é preciso recuperar isso. Onde podemos potenciar mais é claramente no setor terciário, nos serviços.

Temos de contrariar uma função que temos tido que é chegarem mais pessoas e famílias ao Montijo, mas depois irem trabalhar fora. Antes as pessoas vinham para o Montijo para trabalhar, agora vêm para irem trabalhar para Lisboa e esse é um problema que temos de resolver. No meu ponto de vista é o principal problema de coesão social e de conciliação entre a vida pessoal e a vida familiar, de apoio aos mais jovens e de funcionamento das famílias. A proximidade entre casa e emprego permite mais tempo para essas coisas. É apostar num grande investimento para aqui que permita criar emprego de uma forma direta, mas também que permita atividades de forma indireta, e por isso temos apostado no chamado aeroporto do Montijo.

Defendemos que o próximo investimento aeroportuário tem de ser feito a sul do Tejo porque é preciso reequilibrar a assimetria económica que existe entre a margem norte e a margem sul. Na margem norte as pessoas ganham em média o dobro da margem sul, temos de fazer um investimento do lado de cá para que essas coisas se equilibrem.

Uma cidade não é para ser só atrativa para pessoas, tem de ser também um fator de criação de emprego, não pode ser apenas de habitação e depois ir trabalhar a outro lado. As cidades só criam coesão quanto têm habitação, trabalho e lazer.

Nuno Canta, Presidente da Câmara Municipal do Montijo

“A cidade é feita com todos e só pode funcionar se tivermos todos o mesmo contributo”.

Enquanto presidente o que ainda pretende fazer no concelho do Montijo?

Temos de continuar a desenvolver a Frente Ribeirinha, acho que é uma questão fundamental.

A reabilitação urbana da zona que vai para o Afonsoeiro, o Bairro da Barrosa e a zona da Calçada é muito importante. Fizemos recentemente uma obra, a ciclovia do caminho de ferro, mas a Frente Ribeirinha compreende isso tudo. Compreende a reabilitação daqueles cais todos e a transformação de uma série de unidades industriais que ali existiam em habitação e também hotéis. É todo um trabalho que acho fundamental continuarmos a construir e que vamos já fazer algumas coisas, mas penso que é um trabalho que vai ficar para outros executivos e outros presidentes de câmara continuarem a desenvolver.

Temos uma propriedade que comprámos recentemente, que é uma antiga fábrica da Izidoro, são 1,5 hectares no centro da cidade. Enquanto projeto pretendemos construir 60 fogos que vão ser vendidos a custos controlados ou colocados no mercado a renda acessível. A outra parte da fábrica serão espaços pedonais como praças e ruas, vamos ver o que podemos fazer de estacionamento subterrâneo também. A fábrica do azeite será transformada num museu do azeite, que porventura poderá ter um restaurante. Temos uns outros pavilhões ainda mais abaixo que poderão ser vários espaços culturais que complementarão o espaço cultural do museu, podendo até ser alugados a artistas residentes por preços simbólicos. Este é o projeto para esta antiga fábrica.

Há pequenas coisas que temos de continuar a fazer, continuar a acrescentar os espaços verdes necessários à conclusão de uma obra que é o Corredor Verde da Mundet, investir nas escolas, continuar a recuperar as escolas que vieram do Ministério da Educação, investir em estruturas desportivas, porventura chegar a uma ambição que temos que é um parque desportivo municipal com um novo estádio e outras infraestruturas.

Uma coisa que nos tínhamos comprometido neste mandato, mas que infelizmente ainda não conseguimos desenvolver grande coisa, são as piscinas ribeirinhas. Gostaríamos que fossem umas piscinas integradas na paisagem, umas piscinas de água salgada. Isto está associado à Frente Ribeirinha tal como a recuperação do ecossistema das salinas, faz tudo parte de uma ideia que temos planeada.

Que mensagem gostaria de deixar aos montijenses?

Deixo uma mensagem de confiança, de otimismo. Que a cidade continue a funcionar e a ter uma função económica muito forte. Deixar também esta mensagem de confiança a todos aqueles que foram atingidos pela pandemia.

A cidade é feita com todos e só pode funcionar se tivermos todos o mesmo contributo, apesar deste problema e desta suspensão da economia e vida social, que daqui por mais alguns meses tenhamos o retorno da nossa vida normal. Apelo a uma união e junção de todos no combate a este vírus, esperando que nos reencontremos daqui a uns meses a celebrar. É esta mensagem de esperança e confiança que deixo a todos.

Leia a segunda parte da entrevista

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