A História das Ligações Fluviais com o Tejo
O Tejo transformou-se, desde muito cedo, no principal meio de comunicação entre as duas margens do rio.
Em 1927 é obtida a autorização para transformar a ponte feita em madeira num cais para atracação de ferry-boats em cimento armado e sala para passageiros onde o município gastou 300 contos.
A exclusividade para a atracação na ponte cais do Montijo, o preço das carreiras fixado pelas empresas concessionárias, a fixação do preço de acostagem, a mudança de horários, as constantes solicitações para que a empresa concessionária corrigisse as deficiências dos serviços de transporte fluvial foram alguns dos episódios que marcaram toda a história das ligações fluviais entre as duas margens.
A dificuldade dos barcos em atracar, devido à falta de dragagem da cala da carreira do vapor, obrigava muitas vezes os passageiros a pagar a barqueiros para fazer o transporte para terra.
Só em 1930 a Câmara consegue fixar as taxas de acostagem à Ponte-Cais em 600$00 anuais. As empresas ficaram obrigadas a fornecer à Câmara 100 bilhetes por mês destinados a doentes pobres e a submeter à aprovação da Câmara os horários das carreiras. Estas medidas coincidiram com o início do serviço das carreiras com Lisboa por parte da Sociedade Marítima de Transportes Lda. numa manifestação de concorrência com a Parceria dos Vapores Lisbonenses. O presidente da Câmara apresentou, na sessão de 4 de Novembro de 1931, uma proposta defendendo a exclusividade do transporte fluvial de passageiros entre Lisboa e Montijo. Carlos Loureiro defendeu a travessia do Tejo em bons vapores onde o serviço de transporte não fosse superior a uma hora e com transportes de veículos.
Também o preço do transporte é claramente fixado: cinco escudos e cinquenta centavos pelo preço de 1ª classe ida e volta; três escudos e cinquenta centavos pelo preço de 2ª classe; quinze escudos para os automóveis de dois lugares; vinte e quatro escudos é o custo dos veículos de quatro lugares. Os burros pagavam seis escudos e as carroças com animal vinte escudos.
O pessoal de bordo, exceto o técnico, deveria ser de preferência recrutado entre os habitantes do concelho. A Câmara exigiu para além de bilhetes para doentes necessitados, passe para uso de qualquer empregado ou vereador que fosse a Lisboa tratar de assuntos camarários.