Oficina 25, o nascer de um sonho no Montijo
Com afinco e dedicação, Alexandre Ramalho trabalha nas suas peças de mobiliário, consideradas, por muitos, como “extravagantes e arrojadas”. Conheça mais sobre a Oficina 25.
Quem olhe para a Rua Central no Montijo fica deslumbrado com o pequeno canto que não passa disfarçado no meio de tantas casas térreas. O nº 25 é composto por uma pequena oficina de decoração e restauro de móveis, que é o sonho, desde que se lembra, do seu proprietário, Alexandre Ramalho. Com apenas 53 anos, embarcou neste projeto recente, que o define como inovador em todos os moldes que apresenta.
Os portões, decorados em madeira e com pequenas ferramentas que ornamentam a trave, acolhem quem o visite para um lugar que, de tão organizado e decorado que é, lhe transporta para uma nova realidade.
Em tempos, confessa o proprietário, era um local cheio de ferro amontoado. Aos poucos e poucos, Alexandre Ramalho construiu o seu “refúgio”. Foi um restauro demorado, levou os seus largos meses a ser feito, mas é hoje um local no qual o marceneiro deixa a criatividade fluir. “Recuperei-o para uma utilização mais pessoal, como forma de agradecimento pelo espaço concedido pelo meu sogro. No entanto, quando olhei para este lugar, não conseguia pensar em mais nada se não na utilização deste espaço para me entreter, para criar as minhas peças”, reforça o dono do estabelecimento.
Embora a Oficina 25 faça apenas um ano de existência, Alexandre Ramalho está na profissão há 38 anos. Antes de abrir este pequeno negócio, trabalhava com a sua família numa empresa pertencente ao seu pai. Sempre envolvido na atividade de decoração e fabrico de móveis, o empresário diz que “não quero nem conheço outra área”. Decorar e criar é o seu maior gosto e admite que, às vezes, até se torna um vício.
A oficina em que trabalhara outrora era de cariz mais industrial, mas aqui, no seu pequeno espaço, pode apostar no diferente e no arrojado. Encontra o seu maior apoio na família, incluindo na sua mulher, que lhe incentiva constantemente a dar asas ao sonho. “Na minha própria casa, as coisas já eram feitas com peças “fora da caixa” e, por isso, tentei juntar o útil ao agradável e fazer destas peças de decoração uma pequena fonte de rendimento”, reforça o proprietário.
Madeiras, alumínios e até tecidos são alguns dos materiais trabalhados por Alexandre Ramalho. Para si, a criatividade não tem limites e não existe nenhum material que não possa ganhar uma segunda vida nas suas mãos. É conhecido por ser ousado. Assim o mostram as suas peças mais recentes feitas com parabólicas ou até mesmo com portas retiradas de um Land Rover antigo. Por essa ousadia sente-se pioneiro nos produtos que oferece. “Não vejo muita gente que ofereça este trabalho, estas coisas meio estranhas. Também no restauro e na preservação procuro dar o melhor que tenho a oferecer”, destaca o marceneiro.
Já desistiu de contar as horas que leva em cada peça. O demorado faz parte de quem coloca todo o seu empenho e dedicação nos produtos que cria. Em algumas peças leva meses, noutras anos, mas todas elas constituem um desafio que Alexandre Ramalho abraça como único. “Sempre fui, desde miúdo, alguém de desafios e gosto de me desafiar a sair da minha zona de conforto. Sou muito hiperativo e persistente, mas penso que isso também é bom para este tipo de trabalho”, reforça entre risos o dono da oficina.
Há quem o considere como “extravagante e surreal”, mas o proprietário deste estabelecimento nem estranha. “Quando se olha para uma parabólica e se diz que vamos fazer um móvel as pessoas estranham, mas é preciso muita criatividade”, reforça. A inspiração para si é simples, vem do que lhe rodeia. A cada passeio e cada vivência, Alexandre Ramalho descobre beleza numa peça antiga ou em desuso.
“Não sei quanto tempo estarei por aqui, mas nem sei se conseguirei dar conta de todas as ideias que tenho em mente. A inspiração e criatividade vem, às vezes, só de andar pelas ruas e olhar para um objeto específico”, salienta o proprietário do estabelecimento. Passeia pela oficina organizada que celebra os ofícios do seu pai, com ferramentas a ornamentar todas as colunas de madeira que acompanham o espaço. De uma forja antiga, Alexandre Ramalho fez um lavatório de mãos que colocou à porta da sua oficina.
Cada peça é elaborada e organizada com um detalhe preciso. O espaço é belo, mas também de grande conforto para quem o visita. Os vizinhos e clientes que acompanham o trabalho deste marceneiro pintam aquele espaço como um museu. É, para muitos, “a vaidade daquela rua” e Alexandre Ramalho sente um orgulho muito grande nesses comentários. “É a melhor sensação do mundo quando recebemos comentários tão positivos e pessoas completamente sem palavras com as nossas obras”, destaca com um sorriso no rosto.
O maior desafio é encontrar o equilíbrio entre as suas peças originais e uma fonte de rendimento segura. Enquanto constrói a identidade da Oficina 25, não tira como alvo o seu desejo futuro de dedicar-se completamente à criação de “mobiliário extravagante”. Quando pensa no futuro, solta um riso e afirma: “Se conseguisse só fazer estas peças malucas, não queria fazer mais nada”.
Contactos
Morada: Rua Central nr. 25, Montijo, Portugal
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