Rua Miguel Pais: o sonhador que procurava ligar as duas margens do Tejo
A famosa rua que percorre a zona ribeirinha do Montijo homenageia um engenheiro que, ainda hoje, permanece na memória pelo seu rigor, honraria, desejo e vontade de ligar ambas as margens separadas pelo rio Tejo.
Miguel Carlos Correia Pais nasceu em Lisboa a 1825 e pouco se sabe sobre a sua infância, senão que iniciou o seu percurso profissional cedo. Era caracterizado como um cidadão zeloso pelo seu país e com um entusiasmo característico que o fazia acreditar nos planos que visava concretizar.
Do seu percurso profissional, dá-se destaque às honrarias recebidas pelo seu trajeto na Ordem de Avis, tendo sido até condecorado como Cavaleiro da Ordem de Avis. Foi reconhecido como militar aos 17 anos de idade, iniciando o seu percurso como alferes em 1851 evoluindo no seu trajeto até alcançar o cargo de tenente-coronel em 1881.
No entanto, o seu reconhecimento maior deu-se ao exercer a função de engenheiro e arquitetar o primeiro plano para uma ponte de travessia sobre o Tejo, que ligava o Montijo a Xabregas, apresentado em 1876. Este era o seu principal alvo a alcançar, que não o conseguiu fazer por falta de apoio financeiro pelo governo.
Foi preciso quase mais de um século passar para se vir a criar a primeira ponte que ligava as duas margens do Tejo, a famosa ponte de Salazar, inaugurada a 6 de agosto de 1966.
Quanto ao engenheiro, dedicou a sua vida a melhorar a cidade de Lisboa nas suas infraestruturas e nos seus transportes, tendo sido também autor da obra “Melhoramentos de Lisboa e o seu porto”, dividida em dois volumes (1882). Os seus planos vieram a ser reconhecidos e publicados posteriormente em folhetins do “Diário de Notícias”.
No que diz respeito à sua essência enquanto cidadão, muitos o caracterizavam como um “sincero patriota, que se entusiasmava muito, sobre tudo pelo engrandecimento da sua formosa Lisboa” (revista: O Ocidente, 1888).
No seu percurso enquanto engenheiro, ocupou também o cargo de diretor da divisão estatal dos Caminhos de Ferro do Sul e do Sudeste, tendo se destacado pela construção da Estação Ferroviária do Barreiro.
Para além destes feitos, deixou também uma coletânea de composições musicais, reconhecidas pela sua fama nos salões portugueses. Veio a falecer a 17 de março de 1888, sem ter sido conhecida a causa da sua morte.