Rua Gago Coutinho, as muitas aventuras deste almirante português

De geógrafo cartógrafo a navegador e historiador, Gago Coutinho foi um dos primeiros a fazer a a travessia aérea do Atlântico Sul.

Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu em São Brás de Alportel, Faro, mas foi registado em Belém, Lisboa, no dia 17 de fevereiro de 1869. Era filho de José Viegas Gago Coutinho e de Fortunata Maria Coutinho. Ambicionava, quando era mais novo, frequentar o curso de Engenharia na Alemanha, mas, ao invés, ingressou na Marinha Portuguesa com 17 anos, tendo terminado o curso da Escola Naval em 1888.

Serviu em vários navios e participou em diversas expedições e operações militares de Moçambique, em 1890, a Timor em 1912. Foi distinguido como cartógrafo e geógrafo enquanto exercia a sua primeira missão em Timor. Em 1920, já tinha cartografado diferentes locais pelos quais passava em missão, como Niassa (1900), Congo (1901), Zambézia (1904-1905) e São Tomé e Príncipe (1916).

Durante esta missão, fez a travessia de África a pé, tendo conhecido Sacadura Cabral. O cruzar com este amigo, levou o almirante Gago Coutinho a dedicar-se aos problemas da navegação aérea, tendo, inclusive, desenvolvido o sextante de horizonte artificial – ou sextante de bolha -, posteriormente comercializado como “Sistema Gago Coutinho”. Este erra um sistema que permitia e facilitava a medição dos astros, a fim de apurar as medições de dia e de noite, através de um nível de bolha de ar.

Exemplo de um sextante de horizonte artificial_DR

A 11 de março de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis, tendo sido elevado a Grande-Oficial da mesma Ordem a 19 de outubro de 1920.

Novamente unindo-se a Sacadura Cabral, em 1922, no contexto das Comemorações do Centenário da Independência do Brasil, os dois aviadores juntaram-se para, de forma pioneira nesta área, realizarem a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, sendo recebidos de forma entusiástica em várias cidades do Brasil – Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife – bem como no regresso a Portugal.

Gago Coutinho recebeu grande reconhecimento por este feito, tendo sido promovido a contra-almirante e condecorado com as mais altas e prestigiosas distinções do Estado Português. Por estes motivos, foi agraciado com a Grã-Cruz da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a 21 de abril de 1922 e com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico a 1 de maio de 1922.

Foi também elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de São Bento de Avis a 18 de outubro de 1926, para além das inúmeras condecorações que precederam estas no estrangeiro. Afastou-se da vida militar em 1939. A 1943, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial e a 28 de junho de 1947 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A partir de 1925, dedica-se inteiramente à História Náutica, dando um contributo grandioso e repleto de conhecimento histórico, com base nas suas experiências enquanto navegador, cartógrafo e geógrafo, tendo publicado uma vasta obra de investigação científica, compilada, maioritariamente, na “Náutica dos Descobrimentos”.

Em 1954, foi convidado pela TAP para um voo experimental ao Rio de Janeiro, naquela que viria a ser a linha regular de voo estabelecida em 1961.

Nos últimos tempos, colaborou ainda com inúmeras participações em revistas, tais como Boletim Fotográfico (1900-1914), na Gazeta das colónias (1924-1926) e na edição mensal do Diário de Lisboa (1933). Por decisão da Assembleia Nacional e mediante decreto específico foi promovido a Almirante em 1958.

Faleceu a 18 de fevereiro de 1959, um dia após completar 90 anos. O seu corpo encontra-se sepultado no cemitério da Ajuda, em Lisboa.

O seu nome permanece homenageado por todo o país, sendo utilizado como toponímia para muitas ruas de Portugal.

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