Rua Bento de Jesus Caraça: o matemático revolucionário

Bento de Jesus Caraça, um importante matemático português e professor universitário, que ficou conhecido como um revolucionário antifascista.

Bento de Jesus Caraça nasceu a 18 de abril de 1901, em Vila Viçosa, filho de João António Caraça e Domingas Espadinha, trabalhadores rurais que habitavam perto do Convento das Chagas. Viveu os primeiros cinco anos na herdade da Casa Branca, pertencente à freguesia de Montoito. Aprendeu a ler e a escrever com um trabalhador rural de nome José Percheiro, tendo depois a sua educação a cargo da esposa de Raul de Albuquerque.

Estudou nos liceus de Santarém e Pedro Nunes, em Lisboa, tendo ingressado o ensino superior após concluir o seu estudo liceal. Veio a licenciar-se em 1923, no Instituto Superior de Comércio, agora conhecido como Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa.

Em 1936, fundou o Núcleo de Matemática, Física e Química, com outros recém-doutorados, e em 1938 fundou o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia, instituição que dirigiu em conjunto com outros professores até outubro de 1946, ano da sua extinção por parte do Governo.

O seu amor pela área da matemática levou-o a fundar a Gazeta de Matemática em 1940 e, no ano seguinte, a criar a “Biblioteca Cosmos”, um espaço dedicado a divulgar obras científicas e culturais. Publicou 114 livros e colaborou em inúmeras revistas, dentre elas: Seara Nova, Técnica, Vértice e Revista de Economia. Tornou-se o segundo presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática no período de 1943 a 1944.

Trabalhou muitos anos enquanto professor catedrático no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras até 1946, ano em que foi demitido e preso pela PIDE, devido à resistência comunista e antifascista que apresentava.

Veio a falecer no dia 25 de junho de 1948, vítima de uma doença cardíaca.

A título póstumo, Bento de Jesus Caraça foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada a 3 de setembro de 1079, o Grande-Oficialato da Ordem da Liberdade a 30 de junho de 1980 e com a medalha de prata do município de Vila Viçosa, a 2 de maio de 2013.

O seu nome permanece homenageado por inúmeras localidades nacionais, incluindo várias ruas e avenidas, Escolas Profissionais – como é o caso de em Lisboa, Barreiro, Beja, Pedome, Porto e Seixal – e é ainda atribuído à Biblioteca Municipal da Moita.

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