Avenida Duarte Pacheco: o Engenheiro ao serviço da Nação Portuguesa
Duarte José Pacheco foi um engenheiro visionário para o país e um estadista português. Os seus feitos permanecem homenageados também no Montijo, onde se faz presente numa das avenidas emblemáticas do município.

Duarte José Pacheco nasceu a 19 de abril de 1900, em São Clemente, Loulé. Foi o último de onze filhos de José de Azevedo Pacheco, Comissário da Polícia de Loulé à data, e de Maria do Carmo Pontes Bota. Na sua família, tinha referências como Marçal de Azevedo Pacheco, um político português que fez carreira enquanto presidente da Câmara Municipal de Loulé e, dois anos mais tarde, enquanto deputado pelo Partido Regenerador.
A vida profissional de Duarte Pacheco esteve fortemente enraizada com o Instituto Superior Técnico (IST), no qual ingressou aos 17 anos para se formar, em 1923, em Engenharia Eletrotécnica. Um ano depois, é contratado enquanto professor catedrático para lecionar Matemáticas Gerais. Em 1926, torna-se diretor interino do IST e, a 10 de agosto de 1927, é nomeado pelo Conselho Escolar para o cargo de Diretor efetivo. Foi sob a coordenação do engenheiro que se dá início à construção dos edifícios do Instituto Superior Técnico, sendo este um dos primeiros campus universitários portugueses.
Teve uma curta passagem pela vida política em 1928, tendo sido nomeado para Ministro da Instrução Pública, com apenas 28 anos. No entanto, apenas exerceu o seu cargo durante uns breves meses, tomando posse no dia 18 de abril e demitindo-se a 10 de novembro. À data, Óscar Carmona era o presidente da República, tendo como primeiro-ministro, ou presidente do Ministério, José Vicente das Freitas.
Foi durante esse tempo no qual Duarte Pacheco assumiu o cargo, que se proporcionou uma decisão que viria alterar a conjuntura de Portugal no século XX. O engenheiro deslocou-se até Coimbra para convencer António de Oliveira Salazar a regressar à Pasta das Finanças. Este cessara o seu cargo devido à falta de colaboração com o general João Sinel de Cordes e à política financeira executada pelo mesmo. Duarte Pacheco negoceia as condições de retorno de Salazar e este toma posse a 28 de abril desse mesmo ano.
É agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo a 1 de julho de 1933. Mais tarde, retorna à política enquanto Ministro das Obras Públicas e Comunicações no governo de Salazar. Tinha 33 anos quando tomou posse a 5 de julho desse mesmo ano. Permaneceu neste cargo até 18 de janeiro de 1936, ano em que cessa funções e que é afastado do Governo.
Ao longo do ano de 1933, foi também responsável pela modernização nos serviços de Correios e Telecomunicações pelo país inteiro. Nomeou ainda uma Comissão Técnica para propor a elaboração de uma ponte que ligasse as duas margens do rio Tejo pelas zonas Beato (Lisboa) -Montijo e chega mesmo a propor, no ano de 1934, uma construção rodoferroviária. É responsável pelo projeto “novos bairros sociais” como os de Alvalade, Encarnação, Madredeus e Caselas, em Lisboa, e projeta ainda a Avenida de Roma, tal como se encontra atualmente.
Regressa ao Instituto Superior Técnico por breves tempos até ocupar o cargo de presidente da Câmara Municipal de Lisboa, em 1938 e, meses depois, acumular à sua carreira política a responsabilidade pela pasta das Obras Públicas e Comunicações. Este seria o último cargo ocupado por si, sendo que o seu trabalho apenas cessou com a morte ao serviço da Nação Portuguesa. A 18 de novembro de 1940, Duarte Pacheco é agraciado com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.
Viria a falecer a 16 de novembro de 1943, fruto de um acidente de viação na Estrada nº4, lugar da Cova do Lagarto. O carro em que o engenheiro se encontrava seguia em alta velocidade, tendo-se despistado contra um sobreiro, causando uma morte imediata e mais uns feridos ligeiros. Duarte Pacheco apresentava ferimentos graves, tendo sido transportado, de imediato, para o Hospital da Misericórdia em Setúbal e confirmado o seu falecimento na madrugada de 16 de novembro.
Durante a sua carreira, quer como professor quer como estadista, Duarte Pacheco procurou renovar, promover e fortalecer o sistema rodoviário do país, bem como contribuiu para as inúmeras construções e obras públicas deixadas por Portugal. É ao engenheiro que se entregam os louros da criação do parque de Monsanto, bem como da construção do aeroporto da cidade Lisboa. O seu nome permanece, até aos dias de hoje, como um visionário pelo país.